À medida que o mundo evolui, novas condutas tornam-se imprescindíveis para as empresas que desejam continuar atualizadas com o que acontece no mercado global. Uma delas, e alguns ousam dizer que a mais importante a ser pensada, é a prática de hábitos mais sustentáveis no dia a dia das organizações.
Nos últimos anos, o interesse, tanto pelo termo ESG quanto para as pesquisas de iniciativas mais sustentáveis, cresceu no país. De acordo com os dados do Google Trends, as buscas por ESG dobraram no Brasil, em comparação feita entre maio de 2021 e maio de 2022.
Mas o que é, de fato, o termo ESG?
A primeira vez que surgiu foi em um relatório da ONU, em 2005, chamado “Who Cares Wins” (“Ganha Quem se Importa”, em tradução livre). Na época, 23 instituições de diversos países – incluindo o Banco do Brasil – juntaram-se para “recomendar uma melhor integração ambiental, questões sociais e de governança em análise, gestão de ativos e corretagem de valores mobiliários”, segundo o próprio documento. Desde então, as conversas em torno de soluções mais sustentáveis cresceram disparadamente.
A sigla em inglês significa “Environmental, Social and Governance”, em português “Ambiental, Social e Governança”. Pode se dizer que ESG está relacionada aos ODS (Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis), que envolve 17 macrotemas com desafios de desenvolvimentos sociais, tais como consumo de produção sustentável, ações contra a mudança global do clima, trabalho e crescimento econômico, energia limpa e acessível, indústria, inovação e infraestrutura, entre outros. Já o ESG (ou ASG, em português), está interligado especificamente com ações de sustentabilidade empresarial.
A primeira palavra “Ambiental” refere-se às práticas relacionadas ao meio ambiente. Abrange como a empresa deve atuar causando o menor dano possível à natureza, sempre levando em consideração tópicos como o aquecimento global, a poluição de ar e da água, desmatamento, emissão de gás carbono, gestão de resíduos, eficiência energética etc.
Quanto ao “Social”, a própria palavra é explicativa. Os empreendimentos têm o dever de arcar com as responsabilidades do impacto que causam socialmente em sua comunidade. Inclusão social, diversidade, proteção de dados, a satisfação dos clientes, investimentos sociais em geral e a segurança e direitos trabalhistas dos colaboradores, bem como seu bem-estar, estão atrelados à esta questão.
Por último e não menos importante, “Governança” refere-se à transparência que as empresas precisam demonstrar em suas medidas tomadas. Está diretamente ligada à composição do conselho, conduta corporativa, remuneração dos executivos, práticas anticorrupção, respeito aos direitos dos consumidores, fornecedores e investidores, a existência de canais de denúncias sobre casos de discriminação e assédio, entre outros. É fundamental que cada empreendimento aja com honestidade nesse quesito, o funcionamento dos outros dois termos está diretamente ligado a como os empreendedores põem em prática sua administração.
Agora, por que o ESG é indiscutivelmente importante para o seu empreendimento?
Com a pauta ambiental tornando-se evidente no mundo globalizado, os consumidores têm, cada vez mais, procurado serviços que valorizem e detém práticas ambientais limpas, visando a redução de impactos socioambientais negativos, mesmo que o custo seja um pouco mais elevado.
De acordo com uma pesquisa da consultoria McKinsey, 85% dos brasileiros disseram se sentir melhores ao comprar produtos sustentáveis ou de empresas que se importam com essa questão. Especialistas ainda apontam que, principalmente para as novas gerações, ter certeza de que as empresas ou marcas seguem um propósito por trás é fator decisivo na hora da compra.
Assim sendo, os grandes investidores devem se preocupar mais com as causas ambiental, social e de governança presentes nos negócios que desejam investir. Segundo uma pesquisa do banco UBS BB, que reuniu mais de 45 mil investidores de 5 países distintos, 70% revelaram que gostariam que as empresas nas quais fossem investir estivessem preocupando-se com os princípios de sustentabilidade do ESG.
Outra vantagem é que as práticas ESG, quando executadas com eficácia, podem reduzir os custos substancialmente e ainda podem evitar o aumento nos gastos operacionais, como matérias-primas, água e carbono, dentro das organizações. A pesquisa da McKinsey identificou uma correlação entre a eficiência de recursos e performance financeira e ainda determinou que as empresas que têm suas estratégias de sustentabilidade mais avançadas são as mais bem-sucedidas.
George Serafeim, professor de administração e negócios da Harvard Business School, disse “o ESG ajuda os gestores a reduzir custos de capital e aumentar o valor de mercado da empresa. Isso porque quanto mais investidores aplicarem capital em empresas com sólido desempenho de ESG, mais reservas de capital estarão disponíveis para elas.”
Além disso, a solidificação de uma proposta de ESG pode atrair colaboradores mais qualificados e aumentar a proatividade daqueles que podem vir a se sentir inclusos nas ações sustentáveis dentro da empresa. Os profissionais por exemplo, poderão contribuir para aumentar a capacidade de programas de sustentabilidade corporativa como a construção de políticas e práticas internas ESG, implantar e monitorar indicadores, bem como realizar análises e diagnósticos.
Para a VEJA, Miguel Duarte, sócio da EY-Parthenon e líder do segmento de Consumo, Produtos e Varejo para América Latina, revelou: “no âmbito do ESG, a empresa precisa estar pronta para abrir qualquer componente do seu modelo de negócio e estar segura de que as suas decisões são as mais responsáveis possíveis a qualquer nível – ambiental, social, gestão de pessoas e governança. Responsabilidade e transparência serão cada vez mais “não negociáveis” para os consumidores. As empresas que abraçarem essa transformação do seu modelo de negócio terão vantagens competitivas no curto, médio e longo prazo e resistirão à seleção natural que os mercados naturalmente irão provocar.”
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